Afinal: o que vinho e guerra tem a ver?!
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Afinal: o que vinho e guerra tem a ver?!

Por Camilla Ribeiro    Postado em 24.08.2021

Viajar vai muito além de viagens físicas, concorda? E é justamente por isso que temos uma aba sobre “outras viagens” aqui no blog, com temas que nos fazem viajar sem sair do lugar, como literatura, por exemplo.

Hoje, iniciamos uma coluna sobre mais um tema nessa aba: vinhos, outra paixão que nutro, como vocês bem acompanham pelos roteiros de enoturismo. Apresento-lhes então, nosso mais novo colunista e enófilo, Leandro Dana, co-autor do @gastrorio comigo e também meu marido 🙂

O Leandro vai trazer periodicamente pautas relacionadas ao mundo do vinho para cá, começando hoje mesmo. Espero que gostem!

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Afinal: o que vinho e guerra tem a ver?!

Neste post, falarei sobre o último livro que li e curti muito! O título é “vinho & guerra: os franceses, os nazistas e a batalha pelo maior tesouro da França”, lançado no Brasil pela editora Zahar.

Apaixonado que sou pela bebida e pela França, fiquei SUPER curioso quando li a sinopse desse livro na Bienal de 2019, no Rio de Janeiro. Se fosse apenas pela narrativa eletrizante e agradável, já valeria a pena conferir o livro. Mas a importância do vinho pra França e como os nazistas se aproveitaram dessa riqueza para lucrar (ou, até mesmo, mostrar certo grau de domínio sobre os franceses) é um capítulo pouco explorado e super curioso da 2ª guerra mundial.

Aqui não darei muitos detalhes sobre o livro, para evitar spoilers (eu odeio!). Apenas destacarei alguns pontos relevantes da história e que me chamaram atenção.

Pra quem não sabe, a França é a 2ª maior produtora de vinho do mundo (2020), junto com a Itália (1ª) e Espanha (3ª). Juntas, representam cerca de 53% do total de vinho produzido no mundo! Então, mesmo que você nunca tenha visitado esses países, é fácil perceber que a “uva líquida” está no DNA desses povos! Apesar do dado sobre a produção ser recente, a paixão pela bebida já é antiga e, como é mostrado muito bem no livro, faz parte do dia-a-dia dos franceses – sendo, inclusive, motivo de orgulho e prestigio nacional.

Uma passagem do livro que demonstra muito bem esse sentimento:

“[…] Recentemente, o governo francês encomendou um estudo sobre o que torna os franceses ‘franceses’ […] As três respostas mais frequentes foram o que seria de esperar: ter nascido na França, defender a liberdade e falar francês. Logo atrás delas, porém, em quarto lugar, vinha o vinho, especificamente conhecer e apreciar ‘bom’ vinho. Isso não foi nenhuma surpresa para os autores do levantamento, que concluíram: ‘O vinho é parte de nossa história; é o que nos define.”

Agora, imagine se um país, não satisfeito em vencê-lo em uma batalha de magnitude mundial, e dominar seu território, ainda roubar (literalmente!) milhões de garrafas dos seus melhores vinhos? É exatamente isso que o livro retrata e como a invasão nazista impactou a produção da bebida e vida dos vinicultores em todas as regiões da França durante esse conturbado período.

Apenas para exemplificar com um fato muito curioso e interessante, um dos mais famosos restaurantes de país – o La Tour d’Argent (muito famoso por seu pato e pela super adega) – teve uma parede falsa erguida pelos proprietários para esconder dos alemães vinte mil garrafas de seus melhores rótulos. Dentre as táticas francesas de ocultamento da bebida, as que eu mais curti foram colocar teia de aranha e poeira nas “novas” paredes para dar uma estética de envelhecimento (sensacional, né?! rs).

Enfim, este é um livro muito agradável de ler e que conta com relatos de celebridades do mundo do vinho, que estão vivas e que presenciaram toda essa “aventura” durante a 2ª guerra mundial. Recomendo muito a leitura, tanto para quem ama história, vinho ou, simplesmente, quer matar a saudade de um dos países mais lindos do mundo.

Espero que tenha gostado da resenha!

Um abraço,

Leandro   

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