Eu não posso começar esse post sem dizer o quanto Joanesburgo me surpreendeu. Não que eu tenha ido para lá sem expectativas ou que tivesse uma imagem negativa da cidade – ao contrário! -, mas Joburg (como é carinhosamente chamada pelos locais) me agradou demais! Essa cidade, com sua autenticidade, carga histórica e energia peculiares, definitivamente, mexeu muito comigo.

Recepção com água de coco em Joburg (Foto: Viagem no Detalhe)
Joanesburgo é a maior cidade da África do Sul e começou a ganhar relevância e a proporção geográfica que tem hoje, na época da corrida do ouro, há cerca de 130 anos atrás.
A cidade é cosmopolita, riquíssima em cultura (quem curte história, como eu, vai se apaixonar), com mil e uma atrações interessantes, um povo SUPER alegre e uma gastronomia caprichada. Como não se encantar? 🙂

A simpatia apaixonante das crianças no Soweto (Foto: Viagem no Detalhe)
Resumindo: não poderia haver porta de entrada para o continente africano melhor, para mim, do que o caldeirão de etnias, culturas e história que é Joanesburgo.
// Como chegar e Documentos necessários
Diversas companhias operam o trecho Brasil – Joanesburgo. Eu voei de Latam, no novíssimo voo direto de São Paulo até lá (no meu caso, fui do Rio), e super aprovei!
Brasileiros não precisam de visto para entrar na África do Sul. Os documentos necessários são apenas passaporte válido por 6 meses e certificado de vacina contra febre amarela.
// Quanto tempo ficar?
O aeroporto internacional O. R. Tambo (aeroporto de Joanesburgo) é a porta de entrada da maioria dos viajantes, visto que é um dos maiores hubs locais para chegar, não só à África do Sul, como ao continente africano. Com isso, muita gente acaba apenas passando por Joanesburgo, às vezes sem nem sair do aeroporto!
Mas, vai por mim, não vale a pena passar correndo por essa cidade, que tem tanto a oferecer! Mesmo se o seu destino for uma rota de safáris, visitar a linda Cidade do Cabo ou explorar a Tanzânia (como foi o meu caso), reserve pelo menos 2 dias completos para conhecer Joanesburgo – você não vai se arrepender! 😉
Eu fiquei 2 dias completos e 3 noites e achei que foi tempo suficiente para conhecer os principais pontos de interesse da cidade.
// Como se locomover?
Fiz praticamente todos os meus deslocamentos em Joanesburgo, de uber – prático, rápido e bem mais em conta do que pegar táxi.
Contudo, em razão da forte rixa entre ubers e táxis que há lá (pé de guerra total!), não recomendo pegar uber em trechos mais sensíveis, como para sair do aeroporto – que é cercado por taxistas -, por exemplo.
Para esse tipo de deslocamento, recomendo os serviços do motorista que conhecemos por lá e que, combinando, fazia um precinho camarada no trajeto hotel – aeroporto: Lucky – +27 78 616 3141.
// Onde ficar?
Como fiz uma breve passagem por Joanesburgo (tanto na ida para a Tanzânia, como na volta), busquei um hotel que fosse bem localizado e oferecesse um bom custo x benefício.
E acredito ter feito uma excelente escolha ao apostar no recém inaugurado Hotel Signature Lux Hotel Sandton.

Signature Lux Hotel: minha escolha em Joanesburgo (Foto: divulgação)

Hall do Hotel Signature (Foto: Divulgação)
O hotel fica em Sandton, um bairro moderno e comercial de Joanesburgo. Sua localização é ótima, a pouquíssimos passos da Nelson Mandela Square – praça onde fica uma enorme estátua de Nelson Mandela (ponto clássico para fotos), cercada de restaurantes bacanas e com um shopping bem legal também.

Nelson Mandela Square, há poucos passos do Signature (Foto: Viagem no Detalhe)
Achei o hotel bastante confortável e moderno, com um atendimento simpático e um café da manhã simples (servido na cafeteria anexa ao hotel), porém que atendia aos meus objetivos nessa viagem. Fiquei no Signature tanto na ida para Tanzânia como na volta de lá e recomendo!

Nosso quarto no Hotel Signature (Foto: Viagem no Detalhe)

Cafeteria anexa ao hotel, onde o café da manhã era servido (Foto: divulgação)
Reserve sua estadia lá por aqui.
O bairro de Rosebank também me pareceu uma boa localização para se hospedar, por ser um bairro residencial, próximo a vários restaurantes bacanas da cidade. Como acabava toda noite indo para lá, acho que ficar em Rosebank também poderia ser uma boa opção. De toda forma, o deslocamento de uber para lá dava super em conta e não atrapalhou em nada ter ficado em Sandton.
Pesquise por aqui hotéis em Rosebank ou veja aqui, todas as opções de hotel em Joanesburgo.
// O que fazer?
De redutos cools à super aulas de história e antropologia, Joanesburgo tem de tudo um pouco para oferecer.
Visitar o bairro de Maboneng – Se você estiver em Joanesburgo num domingo, nem pense duas vezes, o melhor programa a fazer é ir ao descolado bairro do Maboneng, para o Market on Main.

O descolado bairro do Maboneng (Foto: Viagem no Detalhe)
O Market on Main é um mercado semanal de arte e gastronomia, do qual mais de 100 comerciantes independentes participam e que acontece na galeria Arts on Main, todos os domingos, das 10h às 15h. É uma ebulição de ideias, arte e inovação e, sem dúvidas, foi um dos passeios mais bacanas e diferentes que fiz na cidade.

Market on Main: programa imperdível de domingo (Foto: Viagem no Detalhe)

Chocolates artesanais divinos da CocoAfair (Foto: Viagem no Detalhe)
Estando no Market on Main, não deixe de provar os chocolates da CocoAfair, definitivamente, os melhores! Os sabores chocolate com flor de sal e gotas de chocolate branco com café são imperdíveis, só de lembrar já fico com água na boca!
Mesmo se não estiver em Joburg em um domingo, vale super a pena conhecer o bairro, passear por suas lojinhas, restaurantes descolados, grafites bacanas e cafés e bares alternativos montados dentro de contêineres. Um lugar para curtir com calma e respirar arte – imperdível!

Clima cool do Maboneng (Foto: Viagem no Detalhe)
Apartheid Museum – Esse museu conta um capítulo triste e longo da história do país: o período do apartheid, regime de segregação racial que vigorou na África do Sul por quase 50 anos e que envergonha o país. É uma história MUITO triste, mas que nunca pode ser esquecida.

Entrada do Museu do Apartheid (Foto: Viagem no Detalhe)
Ao chegar no museu, os visitantes são aleatoriamente classificados como “white” or “non-whites” em seu ingresso e segregados, logo na entrada, onde devem seguir seu percurso, de acordo com a marcação de seu ingresso. A intenção é vivenciar da maneira mais intensa possível o que foi o período do Apartheid.

Entrada segregada do Museu do Apartheid (Foto: Viagem no Detalhe)

Interior do Museu do Apartheid (Foto: Viagem no Detalhe)
Esse passeio é MUITO impactante e é impossível não se emocionar e indignar, vendo todas as marcas que o regime deixou na história do país. O mais bizarro é pensar que até praticamente ontem o Apartheid ainda vigorava na África do Sul, já que só foi abolido em 1994 (!!).
A visita é riquíssima em termos de história e conteúdo e, além de relatar de forma abrangente e sensível um período histórico tão complicado, ainda revela a história de personalidades históricas relevantes no período como, obviamente, o ex-presidente do país, Nelson Mandela.
Resumindo: visitar o Museu do Apartheid em Joanesburgo é um programa absolutamente imperdível. Se você só puder fazer 1 passeio na cidade, recomendo fortemente que seja esse!
Soweto – Visitar ou não o Soweto? Essa foi uma dúvida que não saia da minha cabeça, enquanto planejava meu roteiro para Joanesburgo. Digo isso pois não gosto de turismo que queira gerar renda em cima da miséria e da situação de pobreza em que alguns vivem. Acredito que respeitar, antes de qualquer curiosidade turística, a população local é o mínimo de consideração que o povo que você visita merece.
Pensando nisso, já estava certa de pular a visita ao Soweto na minha viagem a Joburg. Tudo mudou, contudo, quando ouvi falar da Lebo’s Soweto, um hostel e agência, que organiza tours bem especiais na região, de bike ou tuk tuk.

Entrada da Lebo’s Soweto (Foto: Viagem no Detalhe)
A intenção da Lebo’s é mostrar a visão deles do Soweto, através do máximo contato possível com o cotidiano local. Eles dizem que o que mais querem é contar a versão deles da história. Quando estava no tour, o meu guia disse que Soweto, na verdade, queria dizer So We Too – ou seja, “nós também podemos”, nos orgulhar das nossas raízes e querer contar a nossa história. Bonito isso, né?

Arte de crítica social, pelas ruas do Soweto (Foto: Viagem no Detalhe)
Considerando isso e o tanto de história que a região – que é quase uma cidade dentro da cidade – possui, não pude deixar de fazer o passeio. Além disso, pensa comigo: qualquer lugar do mundo que tivesse uma rua em que dois prêmios Nobel da Paz viveram merecia sua visita, não? Por que o Soweto, que abriga até hoje, na rua Vilakazi, as casas de Nelson Mandela e Desmond Tutu, seria diferente?!

Museu casa de Nelson Mandela, no Soweto (Foto: Viagem no Detalhe)
As origens do Soweto remontam ao século XIX, na época da corrida do ouro, quando negros da África do Sul, que moravam em aldeias independentes, migraram para Joanesburgo, atraídos pela crescente indústria da mineração. Na época, esses trabalhadores negros viviam em péssimas condições, em alojamentos próximos às minas, no centro da cidade. Contudo, cada vez mais, havia uma preocupação governamental em relação ao convívio entre brancos e negros na cidade.

A imensidão do Soweto (Foto: Viagem no Detalhe)
A eclosão, em 1904, de uma epidemia de peste bubônica foi a desculpa perfeita para queimar o bairro onde os trabalhadores negros moravam e removê-los para Klipspruit, que posteriormente seria denominada South Western Township − Soweto. Pronto: os negros não estavam mais autorizados a morar na cidade e foram segregados a esse pedaço de terra, com quase nenhuma infraestrutura, que lhes foi designado por não interessar aos brancos.
Nos anos 90, o Soweto se consolidou como ponto de resistência e orgulho da cultura negra. Passear por suas ruas vai ser um banho de história, manifestações culturais e aprendizado, além de você poder visitar pontos turísticos imperdíveis, como o Memorial de Hector Pieterson – menino brutalmente assassinado pela polícia, quando saia da escola, ao passar por uma manifestação política pacífica que estava sendo realizada nas ruas do Soweto.

Memorial Hector Pieterson, uma parada emocionante no tour pelo Soweto (Foto: Viagem no Detalhe)

Arte de rua contando a história de Hector Pieterson (Foto: Viagem no Detalhe)
Resumindo, posso dizer que achei imperdível minha visita ao Soweto e recomendo DEMAIS o tour com o pessoal da Lebo! A chance que você tem de ter contato com as pessoas locais, de ouvir a história da boca delas, de gente que estava lá nos momentos políticos decisivos do país, que viveu tudo, é impagável! Sinceramente, o passeio pelo Soweto foi um dos pontos altos da minha viagem para Joanesburgo.
Ah, uma dica que faz toda a diferença: visite primeiro o Museu do Apartheid, para se inteirar com profundidade da história sul africana e, depois, vá ao Soweto. Garanto que tudo vai fazer muito mais sentido para você, nessa ordem 😉
Nelson Mandela Square – Como já disse mais acima, é um grande complexo comercial, com restaurantes e um super shopping, mas onde o ponto principal de interesse é a estátua gigante de Nelson Mandela. O lugar é point certo para fotos, não dá pra deixar de conferir, além de ter muitos lugares legais para comer.

Estátua do Mandela – lugar certo para fotos (Foto: Viagem no Detalhe)
// Onde comer?
Come-se MUITO bem na África do Sul e Joanesburgo é recheada de bons restaurantes! Garanto para você: vai ser difícil escolher em qual ir.
Marble – Um dos restaurantes mais badalados de Joburg. Conta com decoração e visual lindos (se for de dia, sente-se perto da janela, para ter uma vista bacana da cidade) e uma autêntica gastronomia sul africana. É o lugar perfeito para experimentar aquela carne suculenta!
Com uma cozinha focada na brasa (dá pra ver tudo sendo preparado no fogo), atendimento de primeira e uma adega de dar inveja a muitos enófilos, o Marble definitivamente vale a fama que tem! É recomendável reservar previamente.
Endereço: Trumpet on Keyes, 19 Keyes Ave, Rosebank, Johannesburg
Winehouse Restaurant – Escondido dentro de um charmoso hotel boutique de Sandton e com diversas referências a vinho e a nossa eternamente querida Amy Winehouse, o Winehouse foi um grande achado nessa viagem!

Ambiente acolhedor do Winehouse: uma joia escondida em Joburg (Foto: Vagem no Detalhe)
Seu menu é composto por entrada, prato principal e sobremesa e você escolhe o que vai querer dentre as várias deliciosas opções para cada uma das etapas. Eu fui lá no almoço e amei o ambiente do restaurante, os pratos que, não só eram deliciosos, como cuidadosamente elaborados, e a carta de vinhos super caprichada. Vale muito a pena conhecer!
Endereço: Ten Bompas Hotel, 10 Bompas Road, Dunkeld West, Johannesburg, 2196
DW Eleven-13 – Esse foi o melhor jantar que tive na cidade e recomendo muito! O DW funciona com a opção de menu degustação e, apesar de ter ido com altas expectativas, a cada etapa me surpreendia mais, com a riqueza dos sabores, a excelente seleção de vinhos (fizemos o menu harmonizado com vinhos e eles focam em opções artesanais e vinícolas boutiques – amo!) e o atendimento, que foi impecável do começo ao fim! Resumindo: must go total!

Ambiente clean e elegante do DW Eleven-13 (Foto: Viagem no Detalhe)
Ah! É altamente recomendado reservar previamente.
Endereço: Dunkeld Shopping Centre, Cnr Jan Smuts & Bompas, Dunkeld West
Canteen – Esse restaurante fica no Maboneng e foi lá que almocei no dia que dediquei a explorar o bairro. Seu ambiente é uma delícia, super descontraído, com mesinhas na área externa, embaixo de oliveiras. É o tipo de lugar perfeito para jogar conversa fora, tomar um bom vinho sul africano e esquecer a hora!
Endereço: 268 Fox St, Johannesburg
Esse foi o segundo post da série sobre lugares que visitei na minha viagem para a África. No próximo, vou falar sobre o Serengeti, na Tanzânia – não deixe de conferir! 😉
Obrigada pela visita!
Beijos,
Camilla
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