Sagrada, antiga e com uma energia indescritível – assim é Varanasi, a última cidade que visitei, no meu roteiro pela Índia.
A data precisa de surgimento da cidade é desconhecida e as únicas fontes de informações a esse respeito partem das tradições hindus. Segundo os brâmanes, Varanasi foi fundada por Lord Shiva há mais de 5.000 anos (!), o que faz dela uma das sete cidades sagradas do hinduísmo, além de uma das cidades mais antigas do mundo (contemporânea à Babilôna!).
A aura sagrada de Varanasi também decorre do fato de a cidade ser banhada, em praticamente toda a sua extensão, pelo rio Ganges – deusa Ganga, segundo o hinduísmo. Os hindus acreditam que o rio é sagrado e que, banhar-se em suas águas, purifica a alma.
Sendo uma cidade tão sagrada, também acredita-se, na cultura hindu, que morrer lá é uma benção e, por isso, muitas pessoas, ao fim da vida, migram para lá, para aguardar a morte.
Às margens do Ganges, há aproximadamente 98 ghats, como são chamadas as escadarias que acessam o rio e que representam a ligação entre o terrestre e o divino. Cada um dos ghats possui funções diferentes na vida local (alguns servem de lavanderia, outros de crematório, banho etc.) e, obviamente, explorá-los é uma das muitas coisas imperdíveis para se fazer na cidade.
Varanasi, com suas vielas estreitas, aglomeração de lojas, pessoas, vacas e bichos e forte vertente religiosa representa bem aquela Índia que povoa o imaginário comum. Mas, não se engane, a cidade é muito mais do que isso!
Varanasi é um lugar incrível e imperdível, na minha opinião, de ser visitado em uma viagem para Índia. Afinal, a cidade nos ajuda muito a entender melhor (e nos encantar com) as várias facetas da cultura e história indianas.
Para conseguir incluir Varanasi no meu roteiro, tive que quebrar a cabeça (como já expliquei aqui), pois cidade ficava do outro lado em que eu estaria do país. Mas fiz questão de incluí-la e não me arrependo nem um pouco! Posso dizer que foi uma das cidades mais diferentes e especiais que conheci!
Como chegar?
Varanasi localiza-se no nordeste da Índia (esse pontinho mais à direita, no mapa abaixo) e estava, dentro do meu roteiro, na ponta extrema oposta das cidades que visitei e há centenas de quilômetros de Udaipur, cidade em que eu estava antes de ir para lá.
O único jeito de realizar o deslocamento no tempo que eu tinha foi chegar lá de avião. Eu voei, de Udaipur para Varanasi, pela Indigo, com escala em Delhi, e foi ótimo. Aliás, os voos internos na Índia me surpreenderam muito: super organizados, pontuais e seguros. Recomendo!
Eu saí de Udaipur no começo da tarde e cheguei em Varanasi à noitinha. Caso o seu hotel seja em um dos ghats (como era meu caso), é importante já combinar o seu transporte de barco até lá, após a chegada em Varanasi. O meu hotel já oferecia o transporte de cortesia e, avisando o horário, assim que cheguei no Ganges, tinha um barquinho nos aguardando para levar para lá.
Quanto tempo ficar?
As atrações de Varanasi podem ser tranquilamente acomodadas em 1 dia inteiro. Por isso, recomendo que você dedique 2 noites para ficar na cidade, assim como eu fiz.
Onde ficar?
Acho que fui muito feliz, quando escolhi o me hospedar no BrijRama Palace, durante minha estadia em Varanasi.
O hotel, que é situado no seu próprio ghat, foi construído no século XVIII e é considerado uma das estruturas mais antigas em Varanasi. Achei o estilo do hotel super autêntico e diferente!
O Brijrama é alinhado com o estilo de vida da cidade mais sagrada da Índia – lá não são servidas bebidas alcoólicas e o restaurante é vegetariano.
Eu confesso que achei ótimo, não só para entrar no clima de Varanasi, como também porque o restaurante do hotel era excelente!
O Brijrama Palace possui um terraço com uma bela vista para o Rio Ganges e fica a poucos passos da famosa Dasashwamedh Ghat. Achei muito bons a localização e o serviço atencioso de todos os funcionários.
Além do check in e check out de barco de cortesia, amenities ayurvédicos (maravilhosos!) disponíveis nos quartos, ainda recebemos de presente um livro com textos religiosos hindus e um porta retrato com uma foto nossa tirada no terraço, quando fomos embora do hotel. Como não se encantar com tanta gentileza? 🙂
Em suma, adorei me hospedar no Brijrama Palace e, pelo que vi por lá, pareceu ser realmente um hotel diferenciado dentro das opções hoteleiras da cidade. Recomendo muito!
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O que fazer?
Apesar de as atividades principais de Varanasi girarem em torno do Rio Ganges, há muito mais para se fazer na cidade!
Assistir ao Nascer do Sol no Rio Ganges – No meu primeiro dia na cidade, madruguei e, às 5:30h da manhã, já estava a postos, em um barquinho no Ganges, para assistir ao espetáculo do nascer do sol. E, posso dizer? Valeu cada minuto não dormido, pois esse passeio é simplesmente imperdível!
Nesse passeio de barco, é possível passar pelos vários ghats ao longo do rio, ver os peregrinos tomando seu banho sagrado e sentir a energia única e indescritível da cidade.
Caminhar entre as ghats e apreciar a vida local – Depois de presenciar o magnífico nascer do sol, é hora de explorar a cidade! Vale caminhar sem pressa pelos ghats e pelas vielas estreitas da cidade, entrar em lojas e observar a vida local.
Caminhe pelas escadarias e observe a movimentação da cidade, ao longo do dia – muita gente meditando, crianças brincando, pessoas pescando, tomando banho no rio etc.
Visitar Sarnath – Varanasi não só é um lugar sagrado apenas para os hindus, mas também para os budistas. Afinal, foi em Sarnath (a cerca de 13 km de Varanasi) que Buda encontrou sua iluminação e deu seus primeiros sermões.
O templo é bem bonito e possui ilustrações em todas as suas paredes, contando a história de Buda. Se você, como eu, tiver sorte de conseguir um bom guia, ele vai te explicar tudo e você vai se impressionar, ainda mais, com esse local!
Do lado de fora do templo, há uma representação do local em que os primeiros sermões do Buda ocorreram.
Dhamek Stupa – Localizado juntamente ao complexo Sarnath (mas com um pequeno custo adicional de entrada), o Stupa trata-se de um monumento funerário budista de 44 m de altura e 23 m de diâmetro.
Acredita-se que o Dhamek Stupa esteja no local onde Buda deu o primeiro sermão aos cinco discípulos, depois de ter visto a Luz e, por isso, é tão representativo.
Museu de Sarnath – Também coladinho ao sítio budista, está o museu de arqueologia da Índia, que abriga vestígios de Sarnath e de artefatos encontrados durante as escavações. A visita ao local é interessante, pois lá encontra-se o capitel de Leões de Ashoka, datado de 250 a.C. – escultura que inspirou a atual bandeira da Índia.
Infelizmente, não é permitido tirar fotos no interior do museu.
Bharat Mata (Mother India Temple) – Esse templo é bem diferente dos demais que você vai visitar, durante sua viagem à Índia. Ele foi inaugurado por Gandhi, em 1936, e é o único templo dedicado à Mãe Índia, uma representação da unidade da nação.
Ao invés de abrigar imagens de deuses, lá você vai encontrar um enorme mapa em alto-relevo da Índia, esculpido em mármore, que ocupa todo o seu interior. É impressionante e super vale visitar!
Templo de Kashi Vishwanath (Golden Temple) – Dedicado a Lord Shiva, esse templo possui uma belíssima cobertura de ouro. Por ter sido destruído em várias invasões e reconstruído em 177, o local possui detetores de metais espalhados em toda a sua extensão, atualmente, e a polícia é bem rigorosa nas visitas (por exemplo, não pode entrar com celular e sem passaporte).
Asistir ao ritual Ganges Aarti – todos os dias, após o pôr do sol, por volta das 19h, ocorre esse ritual na cidade, para purificar tudo que ocorreu durante o dia e iniciar o dia seguinte com as melhores energias.
Essa cerimônia é realizada na Dashashwamedh Ghat e pode ser assistida tanto nas escadarias, como de dentro do rio, em barcos – essa última foi nossa escolha. Logo antes de anoitecer, já é possível avistar a aglomeração de turistas e locais nas escadarias para assistir ao ritual, por isso, é super recomendado chegar cedo.
O ritual dura cerca de 1 hora e é dedicado a Shiva, ao rio Ganges, Surya (deus do sol), Agni (deus do fogo) e para todo o universo. É uma cerimônia muito bonita e tocante, com dança, música e velas. Imperdível assistir!
E aí, animados para conhecer Varanasi?
Esse foi o último post da série sobre as cidades que visitei na minha viagem para a Índia. espero que tenham gostado! 🙂
Obrigada pela visita!
Beijos,
Camilla
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15.08.2019
Oi!! Obrigada pelas dicas do Post. Só vejo as pessoas falarem sobre o passeio de nascer do sol no Ganges, não tem do por do sol???? Se encaixaria muito melhor no meu roteiro kkkkk Se puder esclarecer, vai ajudar muito. Obrigada!
16.08.2019
Oi, que bom que gostou! Realmente o foco lá é o nascer do sol, acredito que seja porque no fim do dia já existe a cerimônia religiosa nos gates do Ganges. Daí toda a cidade para pra assistir a cerimônia e o pôr do sol fica meio em “segundo plano” rs…Mas recomendo muito o nascer do sol, é uma experiência inesquecível!!
Beijos,
Camilla
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